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sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Instinto Racional
Sabemos quando estamos ousando, superando nossos limites e a vida é assim mesmo. Quando nascemos a única experiência que vivemos foi boiar em uma placenta gosmenta em um espaço mínimo que só aproveitamos dela quando somos colocados na piscina, por ter um ambiente parecido (já comprovado cientificamente).
Entretanto, essa postagem vem mostrar a "essência" de cada um. Então, questiona-se:
Como ser instintivo e ser racional?
São de fato paradoxos, mas se completam no sentido de que todo Ser Humano nasce com amor e afeto pelo outro, mas ao passar dos anos é contaminado com situações, histórias que na maioria das vezes não são reais. As lendas e mitos, foram muito comuns na época que meus pais cresceram por nao terem acesso a todas as VERDADEIRAS INFORMAÇÕES, eram enganados por seus pais e avós quando esses não queriam que fizessem alguma coisa.
Indo um pouco mais no passado, vemos que somos vítimas de uma história mal contada em uma época de poucas informações e, que até hoje muitos daqueles ainda acreditam.
Começa assim a matéria "Marijuana: assassina de jovens", publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionário do governo chamado Harry Anslinger. Se a ganja, hoje, é ilegal em praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele.
"O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calcada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel".
Nas primeiras décadas do século XX, a ganja era liberada, embora muita gente a visse com maus olhos. Aqui no Brasil, ganja era "coisa de negro", fumada nos terreiros de candomblé para facilitar a incorporação e nos confins do país por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes árabes e indianos e aos incômodos intelectuais boêmios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos - meio milhão deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos não acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar ganja era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe branca.
Pouca gente sabia, entretanto, que a mesma planta que fornecia fumo às classes baixas tinha enorme importância econômica. Dezenas de remédios - de xaropes para tosse à pílulas para dormir - continham cannabis. Quase toda a produção de papel usava como matéria-prima o pé de ganja. A industria de tecidos também dependia da cannabis - o tecido de cânhamo era muito difundido, especialmente para fazer cordas, velas de barco, redes de pesca e outros produtos que exigissem um material muito resistente. A Ford estava desenvolvendo combustíveis e plásticos feitos a partir do óleo da semente de ganja. As plantações de cânhamo tomavam áreas imensas na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1920, sob pressão de grupos religiosos protestantes, os Estados Unidos decretaram a proibição de produção e da comercialização de bebidas alcoólicas. Era Lei Seca, que durou até 1933. Foi aí que Henry Anslinger surgiu na vida publica americana - reprimindo o trafego de run que vinha das Bahamas. Foi aí, também, que a ganja entrou na vida de muita gente - e não só dos mexicanos. "A proibição do álcool foi o estopim para o "boom da ganja" afirma o historiador inglês Richard Davenport-Hines, especialista na historia de narcóticos , em seu livro The Pursuit of Oblivion ( A busca do esquecimento, ainda sem versão para o Brasil). "Na medida em que ficou mais difícil obter bebidas alcoólicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafés que vendiam ganja começaram a proliferar", escreveu.
Assinger foi promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa época que ele percebeu o clima de antipatia contra a ganja que tomava a nação. Clima esse que só piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nação numa recessão. No sul do país, corria o boato de que a droga dava forca sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuações de que a droga induzia ao sexo promiscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano médio, mas isso não tem nada a ver com a ganja) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a ganja é inocente disso). Baseados nesses boatos, vários Estados começaram a proibir a substancia. Nessa época, a maconha virou a droga de escolha dos músicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.
Anslinger agarrou-se firme à bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaína e ópio, criou o FBN (Federal Bureau os Narcotics, um escritório nos modelos do FBI para lidar com drogas) ele articulou para chefia-lo. De repente, de um cargo burocrático obscuro, Anslinger passou a ser o responsável pela policia de drogas do país. E quanto mais substancia fossem proibidas, mais poder ele teria.
Mas é improvável que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado. Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gingante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Point. "A Du Point foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da industria de cânhamo", afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução). Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o nylon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo. Seria um empurrão considerável para a nascente industria de sintéticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruídas, tirando a fibra do cânhamo e o óleo da semente do mercado. "A maconha foi proibida por interesses econômicos, especialmente para abrir o mercado das fibras naturais para o nylon", afirma o jurista Walter Maierovitch, especialista em trafico de entorpecentes e ex-secretario nacional antidrogas.
Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a ganja: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywwod para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estatuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadao Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse ódio talvez devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas Pancho Villa (que alias, faziam uso freqüente de ganja) desapropriaram uma enorme propriedade sua, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel, ou seja, ele também tinha interesses em que a maconha americana fosse destruída levando com ela a industria de papel de canhamo. E hoje ainda lutamos para consertar um equívoco, por causa de um mito do século passado, que já custou muito caro e muitas vidas.
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